Flavio Cruz

A linguagem do amor

Nas entrelinhas da vida, no meio de pontos de interrogação e exclamação, encontrei você, meu ponto final. Nenhuma vírgula nos separou mais, desde então. Quem se importa com uma pequena cacofonia no meio de tanto amor? Ao contrário, sem paradoxos ou solecismo, só pleonasmo, vivemos uma metáfora cheia de aliterações e ressonâncias.

Conseguíamos expressar nossos pensamentos em figuras de linguagem e rimas de amor. Até no sexo rimávamos com furor.

Texto e contexto, ambos iam muito bem, numa denotação sem contradições. Conotávamos, quando necessário. Até anacolutos, rimas imperfeitas, tudo, conseguíamos decifrar. Recitávamos, narrávamos na primeira e na terceira, sendo nós mesmos sujeitos e objetos do discurso.

Um dia, porém, tivemos de analisar e entender o conteúdo. Foi um desastre. Nada batia, tudo se confundia. Éramos a oposição reencarnada. Todo o discurso se desfez num voraz e demagógico palavreado. Foi uma cruel ironia.

Aprendemos, a duras penas, o que era antítese. A partir daí, vivemos nossas vidas em separado, num discurso indireto. Sujeitos ocultos, porque, claramente não havia mais objetivo, muito menos objeto direto ou sequer indireto, em nossa relação. Eu e ela parecíamos mais pronomes relativos do que um caso reto. Não usávamos mais o indicativo. Nossa vida passou a ser subjetiva e imperativa. Fiquei, pessoalmente, com medo do infinitivo impessoal.

Passamos a ser, para sempre, sujeitos ocultos de uma frase com verbo intransitivo. Pior, sujeitos inexistentes em uma frase com um verbo irregular. Erroneamente conjugado e com acento no lugar errado. Poderia ser pior?

Reticências, ou deveria ser um ponto final?

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Veröffentlicht auf e-Stories.org am 18.11.2015.

 
 

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