Flavio Cruz

Carta do estrangeiro

 
Escrevo-lhe essas relativamente bem escritas linhas para expressar minhas preocupações quanto ao meu linguajar. Como você sabe, estou aqui no estrangeiro já há algum tempo. Isso me faz pensar na minha falta de contato direto e diário com a nossa língua. Isso definitivamente me preocupa muito. Às vezes, por exemplo, me deparo procurando pelo termo correto para se usar em determinada frase. Preciso esperar alguns segundos e, ainda assim, é muito comum eu precisar conferir o real significado e a ortografia no dicionário.
No momento, entretanto, o que mais me preocupa, é o que se usa e o que não se usa mais. Eu acredito que a gíria  “ boko-moko” já deva ter morrido, uma vez que já estava agonizante quando eu saí daí. Fico imaginando se “legal” e  “bacana” ainda são bastante utilizadas nas conversas do dia a dia. Outra coisa: quando estava de saída, a expressão “da hora” era relativamente nova em termos de língua. Ela estava se fortalecendo principalmente entre os  jovens. Ela vingou ou não? Vou perguntar por perguntar, mas imagino que “encher o saco” continua viva e atuante como sempre. Gostaria de saber se o povão usa esses novos termos americanos ligados à informática, como “cloud”, “text”, etc...Não posso imaginar alguém falando “nuvem” para significar “ cloud” ( da informática, é claro). Além disso, seria uma competição desonesta com o nosso “viver nas nuvens” que nada tem a ver com a tecnologia da informação. Como você  pode ver, Gervásio, tenho mil dúvidas. O mais importante de tudo, porém, é você me mandar uma lista de palavras novas, destas que começaram a ser usadas nos últimos 10 anos. Não precisa ser exatamente uma palavra nova, pode ser uma palavra que estava no esquecimento e, de repente, a sabedoria popular despertou-a e está aí dando o ar de sua graça. Aí está mais uma boa pergunta: o pessoal ainda usa “dar o ar da  graça”? Espero que sim, pois acho que é uma expressão cheia de graça, sem querer fazer graça.
Vou terminando minha missiva por aqui. Não precisa ficar assustado com o meu “missiva”, não, eu só usei este verbete para brincar com você. Eu sei que é boko-moko, quero dizer, nem sei bem mais o que quero dizer...Eu não falei que às vezes não acho mais as palavras? Enfim, atualize-me, pois, quando voltar, quero estar usando um linguajar “da hora”, “top” de linha...
Desse seu servo e amigo (brincadeirinha de novo, sei que é cafona falar assim: ainda usam “cafona”?), aqui do estrangeiro
( “estrangeiro” também não soou “legal”, soou?),
José Arquimedes ( Joseph, para os amigos americanos)

 
 

 
 

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Veröffentlicht auf e-Stories.org am 25.04.2015.

 
 

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