Flavio Cruz

O segredo do menino

Não havia mais nada o que fazer. As chamas já estavam bem altas, o fogo era incontrolável. Os bombeiros pareciam inertes, as pessoas olhavam incrédulas e assustadas para a velha igreja que ardia num incêndio incontrolável. Era começo de noite e aquela luz vermelha iluminava o rosto das pessoas, as paredes brancas das casas vizinhas e tudo que estava próximo. Muitos estavam simplesmente mudos diante do espetáculo, outros choravam baixinho, uns poucos falavam alto. Conversas paralelas tentavam atinar com as causas do incidente. Falavam em velas acidentalmente caídas sobre os bancos de madeira, falavam sobre fios elétricos velhos e descascados. Até em coisa do demônio se falava.
De repente, alguém perguntou sobre o padre. Ninguém sabia dele. Alguém comentou que na casa paroquial a dois blocos dali, ele não estava. Ninguém o tinha visto mais desde a hora do almoço quando ele tinha saído da casa para a igreja. Meu Deus, será que ele estava lá? Alguém comentou que era impossível ele ter ficado preso lá dentro. O fogo começou calmo, teria tido tempo de sair.
De repente, quando todos começaram a se agitar diante da possibilidade de ele estar lá dentro, o teto ruiu. Logo a seguir, a pequena torre e o sino também cederam para o lado de dentro. Ficaram aquelas quatro paredes com a imensa fogueira dentro delas. Parecia um inferno.
Quietinho, escondido, o Lico olhava por entre uns arbustos. As labaredas rubro-amarelas se espelhavam dentro de seus olhos brilhantes. Havia uma mistura de medo e alívio, de culpa e justiça, estampada em seu rosto infantil. Assim que ouviu o estrondo do sino ruindo para dentro, junto com a cruz e a torre, levantou-se sorrateiramente e foi andando por uma rua paralela. Estava vazia, todos estavam ocupados em ver o incêndio. Ele foi andando, sozinho, sem olhar para trás.
Dali para frente sua vida mudaria. Aquele era seu segredo, seu segredo de menino.

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Veröffentlicht auf e-Stories.org am 22.03.2015.

 
 

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